Guerras São Iguais!

Na semana passada eu postei sobre o livro Cisne Negro e me lembrei que, no início do livro, o autor Nassim Taleb fala sobre a guerra do Líbano que ele vivenciou quando ainda era adolescente, no final do século passado.


Ontem, quando fui caminhar, resolvi escutar um audiobook do primeiro capítulo do livro para me relembrar do que ele falou sobre a guerra e o que me chamou a atenção é que ele conta que, quando a guerra do Líbano começou, todos diziam que ela duraria uns poucos dias e as pessoas que fugiam levavam poucas coisas, para ficarem em países próximos, esperando que tudo se resolvesse, conforme os especialistas e historiadores de guerra afirmavam. A guerra durou mais de quinze anos, com todo tipo de desdobramentos, mostrando que as previsões sobre ela estavam todas erradas.

 

Ninguém pode prever os rumos de uma guerra, quer seja ela na idade média, e dure cem anos, quer seja no século passado, e dure quinze anos, ou atualmente, como a guerra na Ucrânia, que já vai para um mês. Refugiados de alguns dias podem passar a ser de uma vida toda e até de gerações.

 

O interessante é que há aprendizados de uma guerra para outra em termos de armamentos, estratégias e tecnologias, mas quase nada em termos de humanidade, uma vez que sempre se usam civis como alvo e como escudo, e as histórias dramáticas dos atingidos e dos refugiados são, ao mesmo tempo, únicas e semelhantes, quer se use espadas, canhões ou mísseis teleguiados.

O escritor Nassim Taleb, que era um adolescente na época da guerra do Líbano, conta que passava seus dias em um porão, muitas vezes não podia dormir à noite com o barulho das bombas e a única coisa que ele podia fazer, para passar o tempo, era ler e, entre tantos autores, especialmente os filósofos que eram seu maior interesse, um livro lhe impactou mais, que foi o “Diário de Berlim: O Diário de um Correspondente Exterior”, escrito entre 1934-1941 pelo jornalista William L. Shirer, correspondente de guerra. Taleb explica que ao escrever todos os dias, contando como as coisas aconteciam, no momento em que aconteciam, Shirer traz uma verdade aos fatos, que não se compara com livros escritos depois que tudo já aconteceu e nossa visão sobre os fatos se tornam distorcidas por outros acontecimentos e sentimentos. O diário de Berlim mostrava para ele como que para as pessoas que estão no meio delas, as guerras são bem parecidas.


Por isso eu acredito que guerra não é sobre armas, é sobre pessoas. Sobre aquelas que mandam lutar, sobre aquelas que não conseguem evitar que elas aconteçam, sobre aquelas que lucram de alguma forma com o conflito, sobre aquelas que sofrem os horrores que a guerra proporciona e sobre todos nós, que assistimos a tudo como se fosse um filme de Hollywood.

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