Na primeira década dos anos 2000 eu me envolvi, como consultora, muito fortemente com as questões de responsabilidade social e ambiental nas empresas. Naquele momento havia um movimento intenso para que as empresas passassem a pensar no seu entorno e percebessem suas responsabilidades para com todos os seus públicos e a sociedade em geral, desenvolvendo projetos e ações voltados para a melhoria ambiental e social. Foi um movimento importante e construiu as bases para que uma cultura mais forte sobre diversidade, consumo consciente e inclusão social pudessem evoluir para o que temos hoje.
Semana passada acompanhei o evento Summit ESG2021, promovido por diversas empresas com o apoio do jornal O Estado de São Paulo, nele os painéis e debates buscaram trazer visões diferenciadas sobre as três letras que representam o ESG – Environmental, Social e Governance, que significa a apresentação de resultados das empresas em relação a suas práticas nestas questões e que passaram a ser cada vez mais critérios para investimentos e financiamentos. O ESG é uma evolução do que antes se chamava BSC – Balanço Social Corporativo, porém com mais força, por envolver os conselhos administrativos e a governança geral das empresas e por existir agora um comprometimento do mercado financeiro.
Essa evolução mostra bem como a sociedade vai galgando degraus de consciência e como as organizações vão buscando acompanhar esse processo de desenvolvimento, embora nem sempre consigam fazer nos mesmos graus de alinhamento. Aquelas que saem na frente sofrem mais, pois acabam atraindo todo tipo de resistência daqueles que não querem as mudanças, seja por convicção ou por conveniência, mas suas lutas nunca são em vão, uma vez que o tempo mostra quem tinha razão.
Peter Drucker dizia que embora fosse defensor de indicadores numéricos e mensuráveis para todas as organizações, para aquelas que atuavam sem fins lucrativo e voltadas para a sociedade, o melhor indicador era: “vidas transformadas”. Em sua visão, não adiantava ter milhões investidos, muitas pessoas envolvidas e ações inovadoras sendo implementadas se uma organização social não conseguisse transformar a vida das pessoas que eram seu público-alvo, seja com apoio emergencial ou suporte estruturante para torná-las independentes.
Penso que prestar contas sobre o envolvimento das empresas com a melhoria da sociedade nos relatórios ESG seja fundamental para que elas evoluam a consciência sobre suas responsabilidades, mas se ficarem apenas em números, vamos voltar ao que eram os Balanços Sociais Corporativos, que se resumiam a uma relação de números, meio “sem alma” que eram apresentados pelos contadores, junto com o balanço financeiro, e que nem sempre era levado em conta para as melhorias. Se queremos fazer uma mudança, precisamos apresentar aos conselhos, além dos números, as histórias de vidas transformadas, sejam de indivíduos ou comunidades, e estas histórias devem ser parte importante das reuniões destes conselhos.
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