Olhando a foto do Pelé, com sua conhecida forma de comemorar gols dando um “soco no ar”, me lembrei da polêmica sobre a forma de comemorar o gol dos atuais jogadores brasileiros, especialmente os que se tornaram celebridades, as tão (mal) faladas “dancinhas”. O que existe de diferente entre a forma de comemoração do Pelé e dos jogadores da seleção brasileira na Copa de 2023? A autenticidade!
Quando Pelé marcava um gol, ele não ficava pensando de que lado estava a câmera, ou o público, ou de qual lado fotografava melhor, ou ainda, ficava tentando lembrar o que foi que tinha ensaiado, ele simplesmente comemorava com um gesto que fazia sentido para ele. Era o seu ritual de comemoração.
Os rituais são importantes por marcarem momentos da nossa trajetória e podem ser feitos individualmente ou em grupo, mas precisam ter um sentido claro e profundo para todos que participam. Os rituais das “dancinhas” não agradam, não por serem “dancinhas”, mas por não terem um significado para aqueles jogadores, eles querem apenas aproveitar o momento de fama e divulgar o trabalho de alguém que pediu, ou pagou, para que ele fizesse e assim viralize na internet.
Certa vez eu ouvi uma explicação sobre o Frankenstein que fez muito sentido para mim em termos do acontece na nossa sociedade atual. O autor dizia que o problema do Frankenstein não era ele ser feito de pedaços de outras pessoas, mas sim o fato dele não ter uma alma.
Infelizmente as redes sociais têm se tornado, cada vez mais, um território sem alma, um “copia e cola” dos outros, uma falta de autenticidade e de significado, a não ser conseguir viralizar alguma coisa, mesmo que seja triste, bizarro, idiota ou perigoso. Nada importa, desde que “bombe”. Neste sentido, as dancinhas valeram, pois foram muito faladas e discutidas, mas também já passaram, ninguém mais sabe quem inventou aqueles efêmeros passos ensaiados, enquanto que o “soco no ar” continua nas mídias por mais de 50 anos, com toda a autenticidade que um ritual de comemoração merece. Valeu Pelé!
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