A Importância Do Associativismo!
Sempre é bom lembrar um velho ditado que diz: “uma andorinha só não faz verão”. Vivemos em um país que possui um sistema tributário feito para não ser entendido e que possui três níveis de legislação diferenciada. Que também possui uma das legislações trabalhistas mais complexas do mundo e uma justiça trabalhista lenta. Somado a isso temos um mundo que evolui cada vez mais rapidamente em termos tecnológicos, o que faz com que o perfil dos colaboradores e dos clientes se modifique a todo momento. Com todas estas dificuldades um empresário, especialmente um pequeno empresário, tem muita dificuldade para estar atualizado com o que é prioritário no seu negócio.
Por estes, e outros motivos, mesmo que seja difícil encontrar tempo, participar de uma associação de classe, ou outras entidade do terceiro setor, é importante para os empreendedores. Os resultados em termos práticos são muitos, como, por exemplo: o networking, que ajuda nos relacionamentos e expande as redes de clientes e fornecedores; a curadoria em termos de materiais que precisam ser aprendidos; o apoio jurídico para entender e aplicar a legislação que precisa ser seguida; as pesquisas que ajudam no entendimento do mercado; e a representatividade junto aos órgãos públicos e conselhos para colocar o pensamento do setor sobre os assuntos de interesse e tantos outros. Esse apoio fornecido pelas entidades faz com que seja mais viável o empreendedorismo em nosso país.
No segundo episódio do Podcast “Lidere Para O Mundo”, entrevistamos o farmacêutico Célio Fernandes, um dos sócios da Biológica Farmácia de Manipulação e, atualmente, Presidente da CDL Cuiabá, sobre o tema: A importância do associativismo. Célio explica que para ele sempre foi muito claro que “influenciar um conjunto de pessoas, sozinho, é muito difícil. Mas quando você se junta a outras pessoas que comungam de ideais semelhantes, ou que tenham os mesmos problemas ou dores, conseguimos exercer poder”. Para ele, o associativismo é “o exercício de poder”. O que é uma verdade, que só entende quem decide atuar como liderança ou, pelo menos, como participante do associativismo.
Quero ir além dos resultados práticos e entrar no campo da visão da sociedade que se tem a partir do terceiro setor. Para uma liderança talvez não tenha aprendizado maior do que participar de uma entidade do seu setor, seja ele qual for. Eu participei e afirmo que não é fácil, mas, seja qual for o resultado que se quer conseguir com esta participação, os aprendizados são imensos, inclusive o aprendizado de ser mais flexível e tolerante com quem está lá. Principalmente o entendimento do poder que se tem quando estamos juntos, lutando por um objetivo comum.
Célio Fernandes explica, na entrevista, que a visão muda, devido aos aprendizados que se tem atuando com pessoas tão diferentes, e estas mudanças contribuem diretamente para o negócio de cada um. Segundo ele “a visão do todo contribui com o meu negócio, além da visão ampliada de tudo, fazendo com que todos ganhem”. A nossa visão em relação à sociedade muda quando estamos no terceiro setor, porque se passa de uma visão individual para uma visão global, possibilitando maior empatia e solidariedade, além do entendimento dos problemas sob um novo prisma ampliado e não apenas do seu negócio. Os interesses não são mais os seus, mas os interesses de toda uma classe. Às vezes é preciso defender bandeiras que nem concordamos totalmente, mas que é do interesse da maioria dos associados. Pensar no bem comum de uma categoria faz de nós mais atentos para o que acontece na sociedade em geral.
Hoje, com tudo o que vem acontecendo no mundo, as entidades precisam se renovar e mudar seus modelos de gestão, de forma a acompanhar melhor a revolução que está acontecendo no mundo, tanto em tecnologia, quanto em modelos mentais, ou correm o risco de se tornarem desnecessárias em termos mais operacionais e não estarem preparadas para uma atuação mais estratégica e humana, que deveria ser sua essência.
Neste sentido é que vejo a importância da participação dos mais jovens para darem continuidade em seus objetivos. No entanto, segundo o Célio, embora os jovens estejam participando bem mais, muitos ainda pensam em apenas participar de um movimento, uma passeata ou uma ação, como sendo suficiente, mas os problemas não são pontuais e precisam de consistência para que sejam solucionados. A mescla de pessoas mais experientes com outros mais jovens pode ser a saída para que as entidades associativas encontrem seu caminho de mudança na esteira do que vem acontecendo com o mercado. Célio também frisou a importância de as lideranças entenderem as entidades como parte do processo de transformação da sociedade. Disse ele: “As entidades precisam que suas lideranças se vejam como parte das soluções da sociedade. Se empoderar, e junto com outras pessoas este poder ganha uma dimensão transformadora. Entender que fazer algo para o próximo, fazer algo em coletividade, faz bem. E isso certamente vai ajudar na transformação da nossa sociedade em um lugar melhor para viver. Essa transformação é que eu acredito para o futuro da nossa juventude”.
Mas, coloco um alerta, o terceiro setor não é só maravilhas. Infelizmente, nós, seres humanos, levamos nossas imperfeições para onde vamos e os interesses nestas entidades nem sempre são legítimos, podendo descambar para problemas que, às vezes, achamos que são encontrados apenas no Estado. Elas são entidades políticas, passam por processo eleitoral e disputa de poder interno, no qual podem acabar replicando muitas das atitudes que condenamos, tais como: desvios de finalidade, corrupção, nepotismo e “puxadas de tapete” de todo tipo. Sendo assim, é preciso nos preocuparmos com o processo de renovação das lideranças e com o pensamento inovador em todas as nossas entidades do terceiro setor, para que elas possam efetivamente ajudar a sociedade e atuarem em função do bem comum.
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