Administrando a Diversidade!

A diversidade é uma questão de muita relevância para os empresários, em especial em um país como o Brasil, composto de uma infinidade de misturas raciais e culturais. Muito pode ser falado sobre esse tema, mas aqui não vou abordar os aspectos dos preconceitos existentes, e nem da luta necessária pela valorização das minorias, mas sim da influência que essa diversidade pode ter no entendimento das decisões e no fluir da comunicação no meio organizacional.

Nas organizações a diversidade visível que se percebe pelos tons das peles, pelos formatos dos olhos, pelos tipos ou cor dos cabelos (inclusive o grisalho), os costumes e tradições das pessoas vão formando a cultura organizacional. São conhecimentos trazidos de suas famílias e que nem sempre é levado em conta pela burocracia organizacional. Veja que, no dia a dia das organizações, pessoas estrangeiras convivem com filhos legítimos da terra; pessoas de famílias numerosas convivem com filhos únicos; estagiários trabalham em equipe com funcionários prestes a se aposentar; mulheres de criação e costumes mais austeros convivem com mulheres emancipadas e modernas; filhos de pais indígenas trabalham lado-a-lado com indivíduos nascidos e criado em grandes metrópoles; pessoas de sotaques marcantes de regiões diversas conversam na rotina de comunicação administrativa... Todas essas diferenças influenciam na percepção e no entendimento do que é comunicado e na repercussão de determinadas decisões, podendo gerar problemas de relacionamento e dificuldades no alcance de resultados em equipe, se não forem reconhecidas e valorizadas.

Mas, mesmo que venha a trazer alguma dificuldade de adaptação, a diversidade traz também a riqueza das diferenças para o processo organizacional e, sendo assim, os administradores precisam estar alertas para conhecer e valorizar a diversidade de sua organização, o que significa dar valor à pluralidade de ideias, vivências e opiniões. Entender a diversidade e aprender a vê-la como um diferencial competitivo, são atributos fundamentais do moderno processo de gestão. É um fator que ajuda a obter resultados.

Os processos de recrutamento e seleção de pessoas, mais do que trazer pessoas para o trabalho, são verdadeiras portas para o enraizamento da cultura organizacional, ou a sua abertura para a pluralidade. Que empresa chata aquela que possui pessoas de um mesmo perfil; que organização estanque aquela que não dá chance para o novo e o diferente. Mas, o fato de muitas lideranças das empresas delegarem seus processos de captação de pessoas aos departamentos de RH e estes, por sua vez, se utilizarem de diversas metodologias e tecnologias para fazer o processo seletivo de seu quadro, atuando apenas com a análises de perfis previamente definidos, pode propiciar o risco real de uma organização de “pequenos clones” de sua orientação estratégica ou do perfil de seus donos e diretores.

A diversidade dá trabalho, mas vale a pena. Uma vez li um artigo de Dee Hock sobre os 12 princípios de gestão da empresa de cartões de crédito Visa e um deles tratava justamente da diversidade, que dizia assim: “Respeite, proteja e encoraje diversidade individual, cultural e associativa. Nunca contrate ou promova pessoas com base em sua própria imagem. É bobagem replicar seus pontos fortes. É ridículo replicar seus pontos fracos. O essencial é empregar, reconhecer e confiar naqueles que têm perspectivas, competências e modo de ver as coisas até radicalmente diferentes dos seus (embora comunguem com você da ética e dos valores mais essenciais/universais e tenham um genuíno interesse em fazer os propósitos da organização serem realizados com sucesso)”. O próprio Dee Hock conclui que “É muito raro ver isso na prática, pois requer humildade, tolerância e sabedoria incomuns”.

Pois é, administradores, quem sabe esteja na hora de fazer uma revisão na sua forma de contratação, buscar a diversidade e trazer esse processo para mais próximo das lideranças das áreas. Algumas empresas modernas, como as startups, já estão fazendo isso. Buscam pessoas que, às vezes, não têm nada a ver com o setor em que vão atuar; podem ser de idades diferentes e podem vir de países diferentes, desde que tenham motivação, capacidade de aprender e de trabalhar, criatividade e, por último, o conhecimento da área e experiência comprovada. Estes dois últimos fatores, se adquire com o tempo, os demais são bem mais difíceis.

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