No final de semana passado fui participar de uma imersão em uma fazenda no interior de São Paulo. O módulo faz parte de um curso que estou fazendo sobre Liderança Evolutiva, mas não era obrigatório. Logo que me inscrevi para o curso, no final do ano passado, eu olhei aquele módulo optativo chamado “Mergulho na Natureza” e pensei: não vou fazer esse módulo.
O tempo foi passando, o curso foi se desenvolvendo online, e chegou o dia que teríamos de confirmar a participação no módulo presencial e eu percebi que era uma ótima oportunidade para me encontrar pessoalmente com os colegas, ter contato físico, olhar nos olhos das pessoas. Decidi ir, me inscrevi, comprei a passagem, fui e vivi muitas experiências novas, trouxe aprendizados e confirmações.
Quando chegamos lá, encontrei meus colegas de curso e conheci participantes novos, encontrei as minhas companheiras de quarto e logo fomos participar das práticas e atividades, experiências e vivências, até que em algum momento eu me dei conta que poderia ser mãe de praticamente todos os meus colegas, já que eu era a única participante “sexagenária”. Isso não tem sido uma novidade para mim, que não parei de trabalhar e estudar depois da aposentadoria oficial do INSS, que nem pensei em ficar em casa e cuidar dos netos, embora ame estar com eles. O que me assusta é frequentemente eu ser a única em ambientes de aprendizados, inovações e de experiências novas. Eu gosto muito das primeiras vezes.
Acho muito bom estar entre jovens, mas também gosto de estar entre as pessoas de minha idade, desde que não seja apenas para reclamar de doença e dos problemas com os filhos e agregados. Tenho também várias amigas bem mais jovens com quem saio para almoçar, tomar café ou um vinho para falar de assuntos sérios ou só “jogar conversa fora”. Gosto de pessoas.
Não quero ser exceção, mas sinto que ainda sou em alguns ambientes. Sou aquela “participante improvável” em diversos eventos e até nas mídias, como por exemplo, quando ouço um podcast feito por um grupo de jovens, seja voltado para ferramentas ágeis ou de publicitários e resolvo interagir com os autores. Normalmente eles se assustam com minha idade, como se eu fosse a mãe deles, ou a avó, querendo interagir, se espantam por encontrarem alguém da minha idade se interessando por suas ideias. Eu me interesso por ideias.
Outro dia eu conheci o termo “Perennial” que é um termo novo, que significa ter determinada mentalidade, forma de agir, pensar e se relacionar fora das famosas divisões e categorias – como millenials, por exemplo. Perennials são aqueles que levam um estilo de vida sem idade definida; o que importa é a atitude, o comportamento e o estado de espírito e não achar que se está velho demais para determinadas coisas; não se importar tanto com a opinião dos outros ou precisar da aprovação de alguém. Sinto que me encaixo um pouco nesta definição.
Eu consigo transitar por grupos de diversas idades, às vezes até me torno referência para alguns, mas não é esta a minha intenção. Eu nem penso se onde estou indo vão ter pessoas da minha idade, eu gosto de conhecer e interagir com pessoas, ponto. Converso sobre tudo, gosto de ouvir sobre tudo, me interesso pelo ponto de vista de cada um, gosto da diversidade de pensamentos, quero saber que músicas estão ouvindo no momento, que livros estão lendo... Sempre achei que isso fazia parte da maturidade, mas percebo que não é assim para todos. Vejo as pessoas fazendo plástica para rejuvenescer por fora e envelhecendo por dentro, eu prefiro continuar tendo uma idade indefinida na cabeça. Se isso é ser perennial, devo ser um.
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