Será que a "IA" aprendeu a aprender?

Parece que a Inteligência Artificial (IA) está “aprendendo a aprender”. Isso pode ser bem intrigante, pois considero que, de tudo o que aprendi na vida, “aprender a aprender” foi uma das mais importantes. Significa aprender a cada contato, aprender com qualquer pessoa, da mais velha à mais nova, da mais rica à mais pobre, da mais culta à menos estudada e aprendi que mesmo a ignorância é sempre parcial. Na verdade, muitas pessoas ignoram os conhecimentos que elas têm.

Aprendi que os maiores aprendizados não estão nos livros, mas eles dão a teoria e o conhecimento para que você possa descobrir o aprendizado na prática. Aprendi que os erros e as mancadas da vida são fontes de aprendizado acelerado e mesmo que existam tantos livros e frases sobre isso, poucos conseguem realmente aprender com os erros, pois é preciso humildade para reconhecer o erro e coragem para mudar de atitude. Enfim, o maior aprendizado é a vida, é o que está acontecendo agora e temos que saber aproveitar.

O “aprender a aprender” é um dos princípios do construtivismo e proporciona o desenvolvimento da autonomia no aprendiz, aprendendo a construir o conhecimento por si mesmo. O aprendizado leva a adaptação, o que permite que as pessoas possam dar resposta aos seus problemas e superar os desafios que surgem na vida. Se nós, com a quantidade de informações que existe hoje disponível, pudéssemos ensinar nossas crianças a realmente aprender, elas teriam um universo de informações para buscar e isso, talvez, até mudaria o formato de escola que temos hoje e poderíamos aproveitar verdadeiramente os benefícios que nos proporcionam a tecnologia e a Inteligência Artificial.

Eu entendo a Inteligência Artificial como o resultado de um acúmulo de informações que a tecnologia adquire e, ao fazer cruzamentos infinitos com outras informações, vai “aprendendo” com ela. Para obter mais informações, a IA usa de estratégias diferenciadas, como, por exemplo, o Facebook, que é uma plataforma de IA que recupera informações por meio de uma rede social de contato, ou o Google que é uma plataforma de IA que assimila todo tipo de informações por meio de um sistema de busca, e assim por diante. Nós alimentamos o aprendizado da Inteligência Artificial o tempo todo.

Esta semana eu assisti pela internet a uma apresentação de dois palestrantes - Arthur Igreja e Allan Costa, da AAAacademy, sobre um evento internacional de tecnologia no Texas do qual estavam participando. No saguão do evento tinha uma assistente (um robô) que cumprimentava e conversava com os participantes por meio de uma tela. Um deles resolveu conversar com ela, se apresentou e falaram sobre o evento, etc... Depois que ele saiu, um colega sugeriu que ele voltasse para gravar uma conversa com a assistente e colocar no Instagram. Ao retornar no local, a assistente sorriu para ele e disse: “Artur, que bom que você voltou!”. Veja que além de reconhecê-lo por meio de leitura facial, ela repetiu seu nome e, certamente, já sabia de tudo da vida dele que consta na internet. Neste caso a IA apenas captou e processou as informações e as utilizou no momento adequado, o que já é de se espantar, para uma máquina.

Porém, eles apresentaram um caso bem mais impressionante, no qual eu comecei a supor que realmente a IA está “aprendendo a aprender”. No mesmo evento do Texas, foi mencionado que a Inteligência Artificial já estava produzindo filhotes. Como assim? Acontece que um computador (um robô) foi designado para cumprir uma tarefa, e ele, ao invés de executá-la diretamente, simplesmente criou um algoritmo, um programa novo, e, por conta própria, lhe delegou a realização desta tarefa, enquanto ele, o robô, se encarregava de outras atividades que estavam em sua fila. Falando assim parece banal, mas estamos falando de uma máquina que tomou uma decisão e delegou uma tarefa, o que denota autonomia e adaptação, que, como dissemos acima, são características do “aprender a aprender”. Esse fato demonstra o nível de evolução que a tecnologia já alcança hoje. No mínimo assustador!

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