Andando por este País!

No dia 13 de novembro, eu e meu marido saímos de viagem para espairecer um pouco e visitar algumas pessoas de quem ficamos longe durante a pandemia. Nós sempre gostamos de viajar de carro e vivemos muitas histórias pelas estradas do nosso país e de outros também. Mesmo quando nossos filhos eram pequenos nós nos aventurávamos, os quatro, dentro de um carro, pela estrada afora, com um guia 4 Rodas nas mãos, muitos CDs no magazine do carro, um isopor com comidas e bebidas e um plano de viagem traçado, curtindo momentos de muita conversa, cantorias, brigas e muitas alegrias.

Depois que eles cresceram, casaram e começaram a fazer suas próprias viagens, nós continuamos os dois, com nosso GPS, músicas no Spotify e nosso isopor de “comes e bebes” (algumas coisas não mudam) e com a mesma disposição para conversar e se admirar com as belezas do caminho. Nós sempre acreditamos que a viagem começa quando sonhamos com ela e começamos a fazer planos, depois segue com a estrada, as paradas para comer, abastecer e esticar as pernas, o destino definido e o retorno para casa, que também é um momento muito bom: voltar para nossa cama e nosso banheiro. Lembro sempre do Amir Klink que dizia que a melhor coisa da viagem era “partir”, pois ao partir você já está mais próximo da chegada. Se não partimos, nunca teremos o prazer de voltar e amar nosso lugar novamente.

Nós moramos em Cuiabá/MT – Centro geodésico da América do Sul – então, para qualquer lado que a gente vá, enfrentamos muitos quilômetros de mato e plantações a perder de vista e poucas cidades, até chegar a algum estado do Sudeste ou do Sul. O que muda agora é que antes encontrávamos muitas estradas ruins, o que não acontece hoje, depois que as estradas foram, em sua maioria de eixos centrais, pedagiadas.

Fomos até Balneário Camboriú, em SC, passando por Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, percorrendo um total de 4.200 kms em 10 dias de viagem, ficando 56 horas dentro do carro, fazendo pequenas estadias de um ou dois dias em várias cidades. Pagamos 48 pedágios, entre ida e volta, a um custo de mais ou menos R$ 300,00 reais, com os valores individuais variando entre R$ 3,80 a R$ 12,90, sendo que não consegui perceber nenhuma lógica em termos de trecho percorrido, qualidade das estradas encontradas e valor cobrado. Em alguns lugares a estrada era duplicada e o pedágio era baixo, em outras a estrada era pista única, sem acostamento e o pedágio era mais alto. Mas, o lado bom da história é que não encontramos nossos velhos conhecidos: os buracos.

Nós já penamos muito com os buracos, já tivemos pneus arrebentados em valetas de estrada deserta, já tivemos que passar horas em borracharias na beira da estrada, tentando dar jeito em rombos feitos por buracos que, de repente, saltavam na nossa frente. Graças a Deus nunca tivemos um acidente, mas já passamos por vários riscos de vida devido a situação precária das estradas e a conjunção de chuva, buracos e caminhões. Por isso, mesmo eu nunca tendo sido a favor da privatização das estradas, devido à alta carga tributária que já pagamos, passei a concordar que a única forma de termos estradas transitáveis é passando para a iniciativa privada cuidar. É triste? Sim, mas é a nossa realidade.

Outra coisa que me chamou a atenção foram os radares. Talvez eu seja uma pessoa que busca lógica em tudo, mas eu não consigo entender no que se baseiam para colocar os radares. São trechos de descida de serra enormes, com caminhões vazios correndo e arriscando a vida de todos, sem um único radar e outros trechos com radares seguidos, baixando a velocidade da estrada de 110km/h para 60 ou 50 km/h de forma abrupta, como se fossem pegadinhas e não o interesse legítimo de proteger vidas.

Mas, enfim, fizemos nossa viagem, visitamos pessoas queridas, nos divertimos muito e temos mais algumas histórias para contar, até que chegue a nossa próxima viagem e enquanto ainda temos autonomia e saúde para desfrutar deste prazer de ver e rever as pequenas partes do mundo que nos é possível.

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