Justo no mês que se comemora o dia da mulher, acordo com o telejornal trazendo uma notícia do assassinato de um menino de 5 anos em Colíder, interior de Mato Grosso. A notícia em si já era impactante, pois ele foi sufocado e teve uma pedra amarrada nos pés e jogado em um rio, mas o que vinha depois só piorava tudo. O assassino era o ex-namorado de sua mãe que queria voltar o namoro e levá-la para morar em Pernambuco, para onde ele estava indo. Como ela alegou não poder ir por causa do filho menor, ele teve a ideia de matá-lo e assim, aproveitar da fragilidade dela para convencê-la a voltar com ele e se mudar. Uma ideia dessa só pode vir de uma mente torpe e alucinada, mas reforçada pelo pensamento machista do poder e da posse sobre as mulheres que ainda permeia a cultura de muitos homens.
Hoje é dia da mulher e sei que temos conquistas a comemorar, mas os casos de feminicídios e infanticídios decorrentes do machismo, mostram que ainda tem muita coisa errada no subterrâneo da nossa sociedade, pois enquanto o nível de homicídios gerais tem um tendência de queda, o feminicídio está em elevação. Este fato em si pode ter uma ótica positiva se entendermos como significado de que as mulheres estão se impondo e denunciando mais e que esses crimes estão sendo contabilizados de uma forma mais adequada para que se sobressaia e ganhe importância.
Esse panorama acontece no Brasil onde temos liberdade e possibilidade de, ao menos, tentar fugir do machismo e de denunciá-lo, mas em muitos outros países não é assim. Uma prova disso é a notícia, nesta semana, de que aumentaram os envenenamentos de meninas iranianas nas escolas femininas do seu país, porque radicais religiosos entendem que elas não devem estudar. É uma notícia chocante e está acontecendo ao mesmo tempo em que ficamos surpresos com todas as possibilidades que a Inteligência Artificial pode nos trazer e de tantas outras evoluções tecnológicas e no campo do conhecimento humano, mostrando que o conhecimento está evoluindo com viés torto, deixando muitas pessoas excluídas do seu acesso por motivos totalmente sem sentido.
Somos hoje um misto de evolução e barbárie e nós mulheres, da mesma forma como aconteceu na época da inquisição, acabamos recebendo as raivas e frustrações de homens que não conseguem encontrar seu lugar no mundo e se sentem ameaçados.
Hoje pode ser dia de flores e de comemorações, sim. Nós estamos evoluindo e nos posicionando no mundo, mas não podemos nos esquecer das flores para aquelas que morreram pela irracionalidade e incompreensão dos seus companheiros e parentes; daquelas que ainda estão lutando para conseguir se libertar da opressão do mundo masculino e; das que conseguiram ser vitoriosas depois de muita luta.
Sei que sou uma privilegiada por ter tido uma educação, que mesmo ainda tendo um viés machista vigente na época, não me impediu de estudar, trabalhar e ir atrás dos meus sonhos, mas mesmo assim, tive que enfrentar muitos desafios pelo caminho, para me impor neste universo empresarial no qual os homens ainda reinam.
Custei muito a aceitar esse dia 8 de março, pois achava que não era necessário e nem eficaz, mas hoje vejo que ao aproximar esta data, os assuntos sobre as mazelas que permeiam o mundo das mulheres no mundo, vêm à tona e isso ajuda a refletir sobre tudo o que ainda temos que evoluir.
Que o nosso dia da mulher seja cada vez mais feliz e de muitas boas notícias!
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