Estamos voltando! Para onde?

Nos últimos dias tenho ouvido muito esta frase: “estamos voltando”, e fico pensando se ela traduz exatamente o que está acontecendo, uma vez que voltar seria como fazer um círculo e voltar ao ponto de partida, mas estamos bem longe do ponto que partimos naquele março de 2020.

Primeiro porque parece que faz tanto tempo que as coisas aconteceram, e não esses 19 meses que nos separam do início da pandemia, o tempo parece que não passou da mesma forma que antes.

Depois, como vamos voltar se o porto não é mais o mesmo, nossas certezas e convicções não são as mesmas, pois percebemos que “tudo pode estar por um segundo”, não poeticamente, mas literalmente.

O sentido de voltar significa ter um lugar conhecido, abraços acolhedores e segurança de um lugar no qual se sabe o mapa. Agora percebemos que não sabíamos de nada antes e sabemos muito menos agora. Temos certeza de que somos manipulados pelas informações que nos rodeiam e ficamos tentando manter a cabeça fora da água do mar de todo tipo de estímulo e distrações que tentam nos afogar.

Não estamos voltando, estamos dando um salto no escuro em um novo mundo, bem diferente daquele que deixamos e para o qual nossos instrumentos de navegação já não nos servem, precisamos de tudo novo a cada dia, pois o território está mudando e mudando de novo.

Sabe aqueles programas de reality que as pessoas vão tendo que se adaptar tendo alguns objetos que servem de base? Talvez esse seja nossa realidade daqui para frente. Pois ainda não chegamos a um porto seguro, nem sei se vamos chegar, só sei que por enquanto é tudo muito provisório ainda.

Nosso egoísmo e narcisismo, tão incentivado nos últimos tempos, não vão servir para nos tirar desse momento de dificuldade, pois até mesmo as fronteiras entre os países estão sendo questionadas, uma vez que não servem para nos proteger nem das pandemias, nem dos ataques cibernéticos e nem dos desastres climáticos, os três maiores perigos do nosso futuro.

Temos que usar nossa mente que nos permite ficar alertas a tudo o que está acontecendo ao redor, tentando identificar o que é válido e o que é falso, e perceber tudo o que está inovando. Mas vamos precisar, principalmente, do nosso coração para aguçar nossos sentimentos e nossa humanidade para enfrentar tempos difíceis e muita desigualdade.

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