Quando fui descrever os Valores da minha empresa de consultoria, há 25 anos, eu incluí o valor “Aprendizado contínuo”, que descrevi como sendo: “Ter a convicção de que o contato com o cliente é uma fonte inesgotável de aprendizado mútuo e, por esse motivo, muito prazeroso”. O fato de entender os clientes como fonte de aprendizado e não só como repositório do “meu saber”, me deu uma condição de igualdade e de humildade necessária para a obtenção da confiança e uma garantia de que eu estava totalmente aberta para ajudar aos meus clientes em todos os momentos, inclusive nas suas inseguranças pessoais nos processos decisórios.
Ao contratarem um serviço, o cliente e o consultor passam a compartilhar uma mesma jornada, na qual deve haver ganhos para ambos os lados e nada deve ficar na sombra, escamoteado. A honestidade na comunicação e a confiança, devem fazer parte de um pacto que precisa ser selado logo no início dos trabalhos, com o líder maior da organização, evitando filtros que podem esconder a realidade no decorrer do trabalho.
Agindo assim, logo percebi que eu nunca ia poder agradecer totalmente aos meus clientes pelo aprendizado que obtinha ao trabalhar com eles, em tantas áreas, em vários setores, com tantos assuntos diferentes e também pelos problemas e desafios que tive que enfrentar junto com eles ou para atendê-los. Cada desafio lançado a eles, e foram muitos nestes anos todos, foram um desafio atribuídos também a mim, pois me sentia na responsabilidade de estar a altura das respostas que eles iriam encontrar ou de apresentar alternativas para serem sugeridas.
Talvez esta seja a grande diferença entre a Consultoria de Desenvolvimento Organizacional (DO), que pratico, e uma Consultoria de Produtos: não entregamos respostas prontas, mas sim, levamos o cliente a chegar nas respostas que melhor se adeque a ele. Temos que entender que não podemos exigir mais dos clientes do que eles são capazes de desenvolver, mas precisamos desafiá-los sempre para se superarem a cada dia, assim como temos que também conhecer a essência de cada organização, para não tentar levar uma organização a ser o que ela não estava preparada para assumir.
Quando iniciei minha empresa de consultoria, eu não tinha ideia onde ela iria chegar, mas existia muito entusiasmo e vontade de acertar. Em um empreendimento como o meu, tudo é muito “etéreo”, pois não há máquinas e equipamentos sofisticados, nem equipes e estruturas, sempre fomos eu e meu computador. O computador foi evoluindo com o tempo e eu também, sendo, meus clientes, meus maiores patrimônios. Eu, consultora, existia em função deles, atuando para ajudar em suas necessidades legítimas e nos problemas reais. Embora existam muitas “consultorias” que vivem de criar necessidades e inventar problemas para apresentar a solução, o que não é ético e só ajuda a desqualificar a profissão de consultor.
Mas enfim, em nosso mundo de consultores de DO, sempre os clientes definiram a compra do trabalho, muito mais do que nós definimos a venda, tanto que nunca fiz publicidade do meu trabalho e venho trabalhando sempre por indicação. Também tenho por regra, ser contratada pela a liderança estratégica da organização, já que atuo com a mudança ou fortalecimento da cultura organizacional, que precisa ser tratada a partir da liderança. Liderança essa, a quem agradeço imensamente por terem me desafiado, muitas vezes sem perceber, por terem me colocado a prova e confiarem na minha capacidade de ajuda na busca de melhores resultados na gestão.
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