Se oriente, rapaz!

Em 1972 Gilberto Gil fez uma música chamada "Se oriente", na qual citava a constelação do Cruzeiro do Sul como forma de orientação. Isso foi há 46 anos e continuamos precisando de muita orientação, porém os meios são outros. Neste período já passamos por vários tipos de mecanismos de orientação, incluindo o GPS, que ultimamente já perdeu espaço para o ¨São Google¨. Dispomos de muitos meios, mas continuamos desorientados, pois nos acostumamos a seguir Líderes e hoje estamos muito pobres de lideranças, no mundo todo.

Quando a internet se popularizou, descobrimos que ela era uma rede cheia de nós de conexão, mas sem um gestor e isso nos pareceu estranho. Uma rede onde todos participam e ninguém lidera? O processo era muito diferente das nossas estruturas hierarquizadas. No entanto, funcionava!

Será que esta falta de liderança quer nos dizer que precisamos nós mesmos nos orientar? A tecnologia já nos proporciona suporte suficiente para isso? Talvez até já tenha mesmo. Tudo o que a Inteligência Artificial pode fazer nos surpreende a cada dia. Essa semana, por exemplo, eu vi a propaganda de uma boneca, um brinquedo de criança, que é adquirido falando algumas palavras e, conforme a criança vai falando com ela, ela aprende e vai acrescentando palavras e frases ao seu vocabulário. Imagina, um brinquedo, algo ao alcance de nossas crianças. Então podemos imaginar que a tecnologia realmente pode tudo o que quisermos.

Mas, o que queremos? Na verdade, estamos esperando os nossos líderes nos orientarem e eles estão precisando mais de orientação do que nós. Na continuação da mesma música de Gilberto Gil ele canta ¨pela constatação de que a aranha vive do que tece¨. Será que estamos prontos para viver do que tecemos, indivíduos e grupos? Vamos conseguir crescer como cidadãos e sociedade e finalmente tomarmos nossos destinos em nossas mãos? Comunicação não é mais problema e podemos aprender uns com os outros sem interferência de um comando central, passando “por fora” do que se convencionou de chamar de “sistema”.

Não estou falando de anarquismos, mas talvez de uma nova configuração de sociedade, mais plana, com menos representatividade intermediária e com menos níveis de decisão; mais orientada por tudo o que ela mesma constrói e aprende; em uma evolução constante. Colocando os governos no papel que deveriam ter, que é de nos servir, naquilo que definirmos. Para completar a música citada, ela também diz “Vê se compreende; pela simples razão de que tudo depende; de determinação”. Só de determinação, o resto já temos.

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