Viajei alguns dias pelo exterior e, sempre que viajo fisicamente, também viajo em minhas reflexões. Desta vez, fiquei analisando as facilidades que as novas tecnologias nos proporcionam e que nem sempre percebemos e valorizamos, porque não conseguimos ter a noção completa do quanto estão inseridas em nossas vidas. Toda a nossa viagem foi programada pela internet, usando pontos de programas de milhagem, sites, aplicativos de viagem, conversas por grupo de WhatsApp entre os viajantes e pessoas que moram no exterior e que nos ajudaram com sugestões.
Durante a viagem o centro de comando foi baseado nos celulares dos participantes, como foi o meu caso, que pela primeira vez viajei sem levar meu computador, ou meu tablet, e efetivamente trabalhei pelo meu celular. Subi os arquivos que ia precisar para um aplicativo na nuvem e os acessei quando foi preciso. Recebi e respondi e-mails normalmente, utilizando os arquivos que estavam armazenados, tirando dúvidas e passando orientações via mensagens, desta forma entendendo de vez o quanto minha profissão de consultor depende da minha cabeça e das facilidades que a tecnologia proporciona, no caso o celular, que cada vez mais vai assumindo as funções dos demais.
Como não queria levar o tablet e normalmente leio nele, acessei pelo celular os aplicativos de leitura que uso e continuei lendo normalmente durante a viagem, bem como recebi dinheiro, fiz pagamentos e transações bancárias utilizando vários aplicativos. Lembro que, uma vez, nem faz tanto tempo, estava na Argentina e perdi um tempão de minha viagem, atrás de uma agência do meu banco, para fazer um pagamento que precisava ser feito naquele dia. Nesta viagem, nem sei onde tinham agências bancárias, não precisava delas para nada.
Usando Uber ou metrô, lá estava ele novamente, o celular, acessando o Google, Mapas, Waze e outros, nos dando informação, direção e nos ajudando a traduzir o que não conseguíamos explicar. As entradas aos lugares que visitamos foram todas compradas pela internet, com direito a aplicativos de “fast pass”, para cortar filas. Quando fomos para as compras, já devidamente pesquisadas pela Internet, meu neto pequeno, ficava esperando tranquilo no carrinho, vendo desenhos e jogos pelo celular. Meu genro comprou, ainda no Brasil, uma câmera fotográfica pela Amazon e como o hotel cobrava taxa para receber mercadorias, ele pediu para entregar em um locker da própria Amazon, que ficava em uma calçada em frente a um supermercado, onde ele chegou, digitou uma senha para abrir a porta de um armário e lá estava sua câmera pronta para o uso.
Tem também as fotografias e vídeos que todos tiramos e compartilhamos em tempo real, levando os que ficaram a viajarem um pouco conosco, até tirando parte da graça da volta, quando, antes, todos ficavam curiosos para saber como foi. Como estávamos em grupo na viagem, podíamos fazer trajetos diferenciados e voltar, sem medo de desencontros, nos comunicando o tempo todo, a tal ponto que já nem me lembro como era antes: como marcávamos de nos encontrar quando não existia o celular?
Fico pensando em todos os envolvidos nestas invenções maravilhosas de nossa vida moderna, será que tinha noção do bem que estavam fazendo? Quem inventou o WhatsApp, será que sabia a dimensão do que estava colocando à disposição da sociedade? Ao mesmo tempo, será que pensaram nos perigos e riscos à vida das pessoas, pelo excesso do seu uso? Pois a todo momento eu via pessoas que pareciam loucas, conversando e gesticulando sozinhas no meio de ruas e parques, para depois perceber que estavam falando ao telefone por meio de minúsculos fones de ouvido, correndo risco de serem atropelados, da mesma forma como muitos que andam pelas ruas enviando mensagens ou consultando o celular. Mas, enfim, toda tecnologia tem seus riscos, inclusive o de viciarem seus usuários, mas não podemos deixar de nos render às suas infinitas vantagens nas nossas vidas. Cada vez dependemos mais delas e temos dificuldade de imaginar nossas vidas desconectadas.
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