No final de um curso sobre Qualidade, na década de 1990, no auge dos programas da Qualidade, um professor estava falando sobre a importância da consistência dos processos para alcançar e manter objetivos almejados, tirou do bolso uma oração para Santo Antônio, leu e disse que essa era uma alternativa para tudo o que ele havia ensinado, ou seja, ou se estabelece metas e tem consistência para alcançá-las ou pode-se rezar a oração de Santo Antônio, com fé, três vezes ao dia, e aguardar que seja atendido para conseguir os resultados esperados.
Nunca mais me lembrei disso, até esse final de semana, quando assistia o time do Brasil empatar com a Suíça na Copa da Rússia e vi uma imagem de uma torcedora rezando ao final do segundo tempo. Pensei que nós, brasileiros, somos bem assim, fazemos escolhas, fazemos alguns esforços, produzimos alguns resultados e já achamos que é suficiente para sermos campeões. Agimos no futebol como agimos na política e em boa parte das nossas áreas de atuação. Tomamos decisões baseados em critérios emocionais e quando achamos que as coisas não estão indo bem, tentamos ajudar com nossas rezas e promessas, mas sem objetivos e metas claras, sem processos consistentes e muito treino conjunto, não há reza que resolva.
Se no futebol estamos começando a Copa com dificuldade, mesmo tendo vários craques em campo e um líder bem preparado, imagina na gestão do país, com candidatos despreparados ou apenas focados na política? Mas não tem problema, nós vamos ficar aguardando e rezando para ser eleito um Neymar para salvar a pátria, como fez o Cristiano Ronaldo. Salvadores até podem dar soluções circunstanciais, mas não pode ser o padrão a ser esperado por uma sociedade que quer se desenvolver e sair da crise em que está metida.
Quer dizer, independente de quem elegermos em 2018, ele não vai fazer milagre em 2019 e mesmo que o presidente consiga marcar uns gols logo no início, se não mexer profundamente na base do jogo, formar um time competente, implantar políticas consistentes, jogar muitas vezes em conjunto, os ganhos serão aleatórios. E quando der errado? Vamos culpar juiz? Vamos dizer o problema foi o gramado? Ou os adversários? Enfim, culpar tudo o mais que esteja fora do governo, do país e até da nossa esfera terrena. Nós somos campeões em não aceitarmos a nossa culpa; temos dificuldade de aprender com nossos erros e evoluir gradativamente. Queremos dar saltos e chegar à vitória, para isso, só rezando muito para Santo Antônio mesmo.
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