Transformações Organizacionais!

As organizações estão passando por muitas transformações como consequência da pandemia, seja porque tiveram que reinventar produtos, processos ou mesmo se adaptar à nova consciência da sociedade que vem cobrando posicionamentos em termos de cuidados ambientais e sociais. Acontece que grande parte das organizações atuais foram criadas com um modelo próprio para o século XX e não sabem muito bem como se adaptar à realidade deste novo século XXI e ainda usufruir de toda a tecnologia que está sendo colocada à disposição delas, neste momento. É uma situação difícil, na qual cada organização corre o risco de perder coisas boas, que construíram ao longo de anos, ou ainda sucumbir no caminho sem conseguir atuar nos novos tempos.

Na busca de ajudar as organizações neste momento, encontrei no livro de Frederic Laloux, “Reinventando Organizações”, uma diferenciação entre o que é “complicado” e o que é “complexo”, de uma forma muito interessante e até inusitada, mas que faz todo o sentido neste momento. Ele disse que um avião Boeing, por exemplo, é complicado, pois é composto de milhares de peças que precisam se encaixar, mas que todas tem uma utilização e um local exato, de tal forma que podem ser explicadas em um manual e um engenheiro é capaz de dizer que, se tirarmos uma peça qualquer, o Boeing ainda será capaz de voar e manter suas funções básicas, ou não. Continuando, ele diz que um prato de espaguete não é complicado, mas é complexo, pois ao puxarmos a ponta de um dos fios do espaguete, não sabemos como o conjunto todo vai se comportar e pode ser que vamos acabar impactando e desarrumando o prato todo, por conta daquele único fio.

Seguindo esta lógica, as transformações organizacionais não são complicadas, podem ser decididas com poucas ações e até com uma “canetada”, mas são complexas, pois qualquer pequena alteração, mesmo a troca de um líder em uma área periférica, pode impactar o ambiente de uma forma que nem sempre somos capazes de prever. Aliás, muitas organizações morreram por conta de decisões de mudanças organizacionais malsucedidas, imagine, então, as mudanças que vão ser necessárias assim que a economia voltar a funcionar na sua potencialidade e as tecnologias mostrarem todo seu poder de atuação?

Na verdade, mudanças organizacionais nunca foram simples e eu vivi esse processo em toda minha vida como consultora organizacional, mas agora elas precisam ser realmente profundas e vão exigir muita coragem e tomada de decisões assertivas. Todos estamos percebendo a aceleração da tecnologia no período da pandemia que se denominou de “transformação digital”, na qual, o “digital” é a parte mais fácil de se fazer, pois pode ser planejada e seus resultados podem ser mensurados com razoável acerto. A parte mais complexa do processo de mudança é a que envolve pessoas, estrutura organizacional e de poder, e na cultura da organização, que é um “caldo” que foi sendo criado ano após ano e não possui um mapa de como realmente funciona, ou quais consequências pode desencadear ao ser modificado.

Tudo o que lemos sobre o futuro das organizações é que elas serão mais leves; menos burocráticas; com equipes autogerenciáveis, ou seja, com muita autonomia; vão ter mais integridade entre vida pessoal e profissional; ter um propósito evolutivo, que significa ouvir a realidade e ir mudando com ela; e tudo isso envolvido em muita tecnologia. Essas são mudanças que poderiam levar muitos anos para acontecer, mas que vão ter que ser feitas com a urgência que a adaptação aos novos tempos requer.

Mas o que temos ainda hoje? Estruturas hierárquicas piramidais com vários níveis, que resistem ao longo do tempo, que levam a uma cadeia de comando e controle com centralização no topo, enfim, algo parecido com as organizações de séculos passados. A mudança precisa começar pelo centro do poder.

E para uma mudança acontecer e permanecer, é preciso principalmente três coisas: Mudança da cultura; tecnologia de apoio e profissionais preparados para atuar com ela. A tecnologia nós já temos, a cultura externa vem sendo pregada pelas Startups com toda sua agilidade, falta agora mexer na cultura interna e preparar as pessoas, que é a parte mais complexa. Sendo assim, a mudança que as organizações precisam fazer não podem ser papel de apenas um projeto ou um departamento, já que ela precisa integrar todos os aspectos da organização, quer seja ela pública, privada ou associativa, e começa pela transformação das lideranças do topo.

A pandemia e a crise econômica subsequente nos ensinaram que somos capazes de adaptações rápidas e não precisamos mais ficar planejando para 10 anos, quando não sabemos nem o que vai acontecer amanhã. A tecnologia nos mostrou ser uma grande aliada e fez com que pudéssemos transferir muitos trabalhos para casa, para a nuvem, para qualquer lugar. Se fomos capazes de fazer tantas coisas diferentes da nossa rotina e nos organizarmos em tão pouco tempo, também seremos capazes de mudar a forma como atuamos nas organizações.

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